Literatura

25.4.11


Questões de Vestibular

Literatura

1.    (UFV-MG) Leia atentamente o fragmento do sermão do Padre Antônio Vieira:

A primeira cousa que me desedifica, peixes, de vós, é que comeis uns aos outros. Grande escândalo é este, mas a circunstância o faz ainda maior. Não só vos comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrário era menos mal. Se os pequenos comeram os grandes, bastara um grande para muitos pequenos; mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande […]. Os homens, com suas más e perversas cobiças, vêm a ser como os peixes que se comem uns aos outros. Tão alheia cousa é não só da razão, mas da mesma natureza, que, sendo criados no mesmo elemento, todos cidadãos da mesma pátria, e todos finalmente irmãos, vivais de vos comer.
VIEIRA, Antônio. Obras completas do padre Antônio Vieira: sermões. Prefaciados e revistos pelo Pe. Gonçalo Alves. Porto: Lello e Irmão — Editores, 1993. v. III, p. 264-265.

       O texto de Vieira contém algumas características do Barroco. Dentre as alternativas abaixo, assinale aquela em que NÃO se confirmam essas tendências estéticas:
a)    O culto do contraste, sugerindo a oposição bem ´ mal, em linguagem simples, concisa, direta e expressiva da intenção barroca de resgatar os valores greco-latinos.
b)    A tentativa de convencer o homem do século XVII, imbuído de práticas e sentimentos comuns ao semipaganismo renascentista, a retomar o caminho do espiritualismo medieval, privilegiando os valores cristãos.
c)    A presença do discurso dramático, recorrendo ao princípio horaciano de “ensinar deleitando” — tendência didática e moralizante, comum à Contra-Reforma.
d)    O tratamento do tema principal — a denúncia à cobiça humana — através do conceptismo, ou jogo de idéias.
e)    A utilização da alegoria, da comparação, como recursos oratórios, visando à persuasão do ouvinte.

Resposta: a


2.    (CEFET-PR) O excerto a seguir foi extraído da obra “Noite na Taverna”, livro de contos escritos pelo poeta ultra-romântico Álvares de Azevedo (1831-1852).
“Uma noite, e após uma orgia, eu deixara dormida no leito dela a condessa Bárbara. Dei um último olhar àquela forma nua e adormecida com a febre nas faces e a lascívia nos lábios úmidos, gemendo ainda nos sonhos como na agonia voluptuosa do amor. Saí. Não sei se a noite era límpida ou negra; sei apenas que a cabeça me escaldava de embriaguez. As taças tinham ficado vazias na mesa: aos lábios daquela criatura eu bebera até a última gota o vinho do deleite…
Quando dei acordo de mim estava num lugar escuro: as estrelas passavam seus raios brancos entre as vidraças de um templo. As luzes de quatro círios batiam num caixão entreaberto. Abri-o: era o de uma moça. Aquele branco da mortalha, as grinaldas da morte na fronte dela, naquela tez lívida e embaçada, o vidrento dos olhos mal-apertados… Era uma defunta!… e aqueles traços todos me lembravam uma idéia perdida… — era o anjo do cemitério! Cerrei as portas da igreja, que, eu ignoro por quê, eu achara abertas. Tomei o cadáver nos meus braços para fora do caixão. Pesava como chumbo…”
(São Paulo: Moderna, 1997, p. 23)
       Com relação ao fragmento acima, afirma-se:
I)     Acentua traços característicos da literatura romântica, como o subjetivismo, o egocentrismo e o sentimentalismo; ao contrário, despreza o nacionalismo e o indianismo, temas característicos da primeira geração romântica.
II)    Idealiza figuras imaginárias, mulheres incorpóreas ou virgens, personagens que confirmam o amor inatingível, idealizado na literatura ultra-romântica. Desta forma, no 1o parágrafo, o amor platônico não é superado pelo amor físico.
III)  Tematiza a morte, presente em grande parte da obra do autor.
Assinale a alternativa correta.
a)    Apenas I está correta.                      d)    Apenas I e II estão corretas.
b)    Apenas II e III estão corretas.         e)    Apenas I e III estão corretas.
c)    I, II e III estão corretas.

Resposta: e


3.    (UNOPAR-PR) Desenvolvimento do comércio de reduzida importância na Idade Média; crescente utilização do dinheiro, invenções e melhoramentos técnicos decorrentes das grandes navegações.
       Os dados anteriores integram o painel histórico do
a)    Classicismo.                                     d)    Arcadismo.
b)    Barroco.                                           e)    Modernismo.
c)    Romantismo.

Resposta: a


4.    (UNOPAR-PR)

Oh! Que saudades
Do luar da minha terra
Lá na serra branquejando
Folhas secas pelo chão
Este luar cá de cidade
Tão escuro não tem aquela saudade
Do luar lá do sertão!

Os versos acima ilustram características do Arcadismo:
a)    exaltação à natureza da terra natal.
b)    declarada contenção dos sentimentos.
c)    expressão de sentimentos universais.
d)    volta ao passado para escapar das agruras do presente.
e)    oposição entre o campo e a cidade.

Resposta: e


5.    (UNOPAR-PR) Considere as seguintes afirmações:
I.     A temática e a linguagem barroca expressam os conflitos experimentados pelo homem do século XVII.
II.   A linguagem barroca caracteriza-se pelo emprego de figuras, como a comparação e a alegoria, entre outras.
III.  A antítese e o paradoxo são as figuras que a linguagem barroca emprega para expressar a divisão entre mundo material e mundo espiritual.
IV.  A estética barroca privilegia a visão racional do mundo e das relações humanas, buscando na linguagem a fuga às constrições do dia-a-dia.
Dentre elas, apenas
a)    I e III estão corretas.                   d)    I, II e IV estão corretas.
b)    II e IV estão corretas.                 e)    I, II e III estão corretas.
c)    III está correta.

Resposta: e


6.    (UNOPAR-PR) Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do trecho.
      
Dá-se como marco inicial do ______ em Portugal a publicação, em 1825, de “Camões”, romance escrito por ______. Também filiado a esse movimento, Alexandre Herculano representa, com “Eurico, o Presbítero”, a vertente do ______.

a)    Modernismo; José Régio; presencismo.
b)    Realismo; Eça de Queirós; romance naturalista.
c)    Classicismo; João de Barros; teatro clássico.
d)    Romantismo; Almeida Garret; romance histórico.
e)    Simbolismo; Antônio Nobre; poema em prosa.

Resposta: d


7.    (UFSM-RS) A respeito da poesia de Gregório de Matos, assinale a alternativa INCORRETA.
a)    Tematiza motivos de Minas Gerais, onde o poeta viveu.
b)    A lírica religiosa apresenta culpa pelo pecado cometido.
c)    As composições satíricas atacam governantes da colônia.
d)    O lirismo amoroso é marcado por sensível carga erótica.
e)    Apresenta uma divisão entre prazeres terrenos e salvação eterna.

Resposta: a


8.    (UFSM-RS) Autor de Obras poéticas, apresenta, em suas composições, motivos árcades. Assinale a alternativa que identifica esse autor, associando, corretamente, seu nome à característica presente nessa obra.
a)    Cláudio Manuel da Costa — desencanto e brevidade do amor
b)    Basílio da Gama — preocupação com feito histórico
c)    Tomás Antônio Gonzaga — celebração da natureza
d)    Basílio da Gama — inspiração religiosa
e)    Tomás Antônio Gonzaga — celebração da amada.

Resposta: a


9.    (UFSM-RS) O poema épico O Uraguai, de Basílio da Gama, é uma
a)    composição que narra as lutas dos índios de Sete Povos das Missões, no Uruguai, contra o exército espanhol, sediado lá para pôr em prática o Tratado de Madri.
b)    das obras mais importantes do Arcadismo no Brasil, pois foi a precursora das Obras Poéticas de Cláudio Manuel da Costa.
c)    exaltação à terra brasileira, que o poeta compara ao paraíso, o que pode ser comprovado nas descrições, principalmente do Ceará e da Bahia.
d)    crítica a Diogo Álvares Correia, misto de missionário e colono português, que comanda um dos maiores extermínios de índios da história.
e)    exaltação à índia Lindóia, que morre após Diogo Álvares decidir-se por Moema, que ajudava os espanhóis na luta contra os índios.

Resposta: a


10.  (UEPA-PA) Na obra de Gregório de Matos Guerra, a ansiedade e a aflição frente à passagem do tempo sempre levaram à idéia singular de aproveitar o presente. Em qual dos fragmentos abaixo fica evidente essa afirmação?
a)    A vós, Divinos olhos eclipsados
       de tanto sangue e lágrimas cobertos;
       pois para perdoar-me estais despertos
       e por não condenar-me estais fechados…
b)    Senhora Beatriz, foi o demônio,
       Este amor, esta raiva, esta porfia1
       Pois não canso de noite nem de dia
       Em cuidar desse negro matrimônio.
c)    Hoje poderei
       Convosco casar
       E hoje consumar
       Amanhã não sei
       Porque perderei
       a minha saúde
       e em um ataúde
       me podem levar
       o corpo a enterrar,
       porque vos enoje:
       casemo-nos hoje,
       que amanhã vem longe.
d)    Pequei senhor: mas não porque hei pecado,
       da vossa Alta Piedade me despido:
       Antes, quanto mais tenho delinqüido,
       Vos tenho a perdoar mais empenhado…
e)    Quem a pôs nesse socrócio2?
       Quem causa tal perdição?
       E o maior desta loucura?
       Notável desaventura
       De um poço néscio3 e sandeu4,
       Que não sabe o que perdeu
       Negócio, ambição, usura.
1. porfia = disputa, esforço. / 2. socrócio = altar de sofrimento. / 3. néscio = estúpido. / 4. sandeu = idiota, tolo.

Resposta: c


11.  (PUC-SP)

Tu só, tu, puro amor, com força crua            Estavas, linda Inês, posta em sossego

Que os corações humanos tanto obriga,        De teus anos colhendo doce fruito,
Deste causa à molesta morte sua,                  Naquele engano da alma ledo e cego,
Como se fora pérfida inimiga.                       Que a fortuna não deixa durar muito,
Se dizem, fero Amor, que a sede tua              Nos saudosos campos do Mondego,
Nem com lágrimas tristes se mitiga,              De teus fermosos olhos nunca enxuito,
É porque queres, áspero e tirano,                  Aos montes ensinando e às ervinhas,
Tuas aras banhar em sangue humano.          O nome que no peito escrito tinhas.

       Os Lusíadas, obra de Camões, exemplificam o gênero épico na poesia portuguesa, entretanto oferecem momentos em que o lirismo se expande, humanizando os versos. O episódio de Inês de Castro, do qual o trecho acima faz parte, é considerado o ponto alto do lirismo camoniano inserido em sua narrativa épica. Desse episódio, como um todo, pode afirmar-se que seu núcleo central
a)    personifica e exalta o Amor, mais forte que as conveniências e causa da tragédia de Inês.
b)    celebra os amores secretos de Inês e de D. Pedro e o casamento solene e festivo de ambos.
c)    tem como tema básico a vida simples de Inês de Castro, legítima herdeira do trono de Portugal.
d)    retrata a beleza de Inês, posta em sossego, ensinando aos montes o nome que no peito escrito tinha.
e)    relata em versos livres a paixão de Inês pela natureza e pelos filhos e sua elevação ao trono português.

Resposta: a


12.  (UFSE-SE) No período romântico brasileiro, os aspectos estéticos e os históricos ligaram-se de modo especialmente estreito e original: entre nós, o Romantismo deu expressão à consolidação da independência, à afirmação de uma nova Nação e à busca das raízes históricas e míticas de nossa cultura — características que se encontram amplamente
a)    na poesia de Gonçalves de Magalhães influenciada pela de Gonçalves Dias.
b)    nos romances urbanos da primeira fase de Machado de Assis.
c)    nos romances de costumes de Joaquim Manuel de Macedo.
d)    na lírica confidencial de Álvares de Azevedo e de Casimiro de Abreu.
e)    na ficção regionalista e indianista de José de Alencar.
Resposta: e

13.  (UFV-MG) Em O Cortiço, Aluísio Azevedo reafirma a ideologia do Naturalismo e cumpre à risca alguns princípios cientificistas vigentes na segunda metade do século XIX.
       Dentre as afirmativas abaixo, assinale aquela que NÃO corresponde às propostas da escola naturalista:
a)    Em O Cortiço, Aluísio Azevedo exprime um conceito naturalista da vida e, ao idealizar seus personagens, integra-os a elementos de uma natureza convencional.
b)    O narrador de O Cortiço acentua o lado instintivo do ser humano através de um processo de zoomorfização, identificando seus personagens a diferentes animais, sobretudo a insetos e vermes, quando os descreve em seu vaivém pelo cortiço.
c)    Ao enfatizar as atitudes inescrupulosas de João Romão para com os habitantes do cortiço, em especial para com a negra Bertoleza, o autor confirma as preocupações sociais do Naturalismo em sua inclinação reformadora.
d)    Os personagens de O Cortiço constituem-se, em sua maioria, dos operários das pedreiras, das lavadeiras e de outros miseráveis que ali vivem de forma degradante, o que evidencia a preferência do escritor naturalista pelas camadas mais baixas da sociedade.
e)    O caráter determinista da obra tem como símbolo a personagem Pombinha, que, se antes era “pura” e de boa conduta moral, acaba prostituindo-se por força daquele meio sórdido e animalesco.
Resposta: a

14.  (UFV-MG) Leia o texto abaixo, retirado de O Cortiço, e faça o que se pede:

Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.
Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada, sete horas de chumbo.
[…].
O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se discussões e rezingas; ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sangüínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra.
AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. 15. ed. São Paulo: Ática, 1984. p. 28-29.

       Assinale a alternativa que NÃO corresponde a uma possível leitura do fragmento citado:
a)    No texto, o narrador enfatiza a força do coletivo. Todo o cortiço é apresentado como um personagem que, aos poucos, acorda como uma colméia humana.
b)    O texto apresenta um dinamismo descritivo, ao enfatizar os elementos visuais, olfativos e auditivos.
c)    O discurso naturalista de Aluísio Azevedo enfatiza nos personagens de O Cortiço o aspecto animalesco, “rasteiro” do ser humano, mas também a sua vitalidade e energia naturais, oriundas do prazer de existir.
d)    Através da descrição do despertar do cortiço, o narrador apresenta os elementos introspectivos dos personagens, procurando criar correspondências entre o mundo físico e o metafísico.
e)    Observa-se, no discurso de Aluísio Azevedo, pela constante utilização de metáforas e sinestesias, uma preocupação em apresentar elementos descritivos que comprovem a sua tese determinista.
Resposta: d

15.  (UFU-MG) Considere a obra Dom Casmurro, de Machado de Assis, e as afirmativas que se seguem.
I.     Da Glória tentava impedir o casamento de Bentinho com Capitu, pois desejava que ele se unisse a Sancha.
II.   Bento Santiago não teve problemas em homenagear o amigo Escobar, por ocasião de seu enterro, pois era seu melhor amigo.
III.  A cena descrita no velório de Escobar (homens e mulheres chorando) é uma característica do Romantismo presente em todo o Dom Casmurro — obra que tem como tema os infelizes amores de Bentinho e Capitu.
IV.  “Olhos de ressaca” — referência dada a Capitu — evidencia o seu poder de envolvimento e o grande fascínio que ela exerce sobre Bentinho, tal qual as vagas do mar.
V.   Apesar da suspeita de adultério, o amor consegue superar a desconfiança fazendo com que Bentinho se reconcilie com a família de Capitu.
Assinale:
a)    Se apenas IV é correta.               c)    Se apenas III e V são corretas.
b)    Se apenas I, II são corretas.        d)    Se apenas V é correta.
Resposta: a

16.  (UFU-MG) Sobre Iracema, de José de Alencar, podemos dizer que
1)    as cenas de amor carnal entre Iracema e Martim são de tal forma construídas que o leitor as percebe com vivacidade, porque tudo é narrado de forma explícita.
2)    em Iracema temos o nascimento lendário do Ceará, a história de amor entre Iracema e Martim e as manifestações de ódio das tribos tabajara e potiguara.
3)    Moacir é o filho nascido da união de Iracema e Martim. De maneira simbólica ele representa o homem brasileiro, fruto do índio e do branco.
4)    a linguagem do romance Iracema é altamente poética, embora o texto esteja em prosa. Alencar consegue belos efeitos lingüísticos ao abusar de imagens sobre imagens, comparações sobre comparações.
Assinale:
a)    se apenas 2 e 4 estiverem corretas.
b)    se apenas 2 e 3 estiverem corretas.
c)    se 2, 3 e 4 estiverem corretas.
d)    se 1, 3 e 4 estiverem corretas.
Resposta: c

17.  (UA-AM) Leia o enunciado abaixo:

A grande voz da poesia romântica foi, sem dúvida, a de um estudante paulista que morreu tuberculoso aos vinte anos. Pela sua inspiração e sentimento elevou a poesia brasileira, que vinha do verso medido e frio de Gonçalves de Magalhães e Porto Alegre, a alturas até então desconhecidas.
Demonstrou talento precoce e grande capacidade de estudo, apesar das tentações de byronismo e de satanismo a que teria cedido integrando-se nos grupos boêmios do tempo ou tomando parte nos desmandos da Sociedade Epicuréia.
Ele só teve seus poemas reunidos em livro após a morte, quando então encontrou uma divulgação tão ampla quanto era possível no Brasil da metade do século XIX.

O enunciado se refere a:
a)    Gonçalves Dias.                          d)    Álvares de Azevedo.
b)    Castro Alves.                              e)    Fagundes Varela.
c)    Cruz e Souza.
Resposta: d

18.  (UFRS-RS) Leia o texto abaixo.
      
................... é um tema dominante na poesia ................... de cunho romântico no Brasil; nela, a mulher é freqüentemente ................... sob o olhar apaixonado do poeta, que usa ................... como termo de comparação capaz de expressar a intensidade dos seus sentimentos.
      
Assinale a alternativa que preenche adequadamente as lacunas desse texto.
a)    O amor — nacionalista — homenageada — a religião
b)    A pátria — sentimental — martirizada — o mito
c)    O amor — intimista — idealizada — a natureza
d)    A infância — histórica — divinizada — a Idade Média
e)    A morte — nacionalista — humilhada — a música
Resposta: c

19.  (UFRS-RS) Leia as afirmações abaixo.

“O realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta aos nossos olhos para condenar o que há de mau na sociedade.” (Eça de Queirós)
“… porque a nova poética (…) só chegará à perfeição no dia em que nos disser o número exato dos fios que compõem um lenço de cambraia ou um esfregão de cozinha.” (Machado de Assis)

       Assinale a alternativa INCORRETA em relação às afirmações de Eça de Queirós e de Machado de Assis.
a)    Machado de Assis expressa uma visão irônica quanto aos propósitos do realismo assumidos por Eça de Queirós.
b)    Há em Machado de Assis uma identificação com as idéias do autor português sobre o poder da arte realista.
c)    Ao questionar a perfeição da “nova poética”, Machado de Assis põe em dúvida o ideal queirosiano de realizar uma anatomia do caráter.
d)    Eça de Queirós deixa entrever um grande entusiasmo pelo papel a ser desempenhado pela arte realista.
e)    A visão do escritor brasileiro deixa clara sua convicção quanto à impossibilidade de se representar totalmente a realidade.
Resposta: e

(UNOPAR-PR)
Tristeza
Por favor, vai embora
(…)
Já é demais o meu penar
Quero voltar àquela vida de alegria
Quero de novo cantar.

20.  Nos conhecidos versos da canção popular, o eu lírico situa-se em oposição a uma das características do Romantismo:
a)    ênfase no aproveitamento poético da paisagem local.
b)    não-conformismo aos valores estabelecidos.
c)    gosto pela melancolia e pelo sofrimento.
d)    evasão do poeta num passado histórico.
e)    culto à razão, em detrimento das emoções.
Resposta: c

21.  (UNOPAR-PR) A linguagem de seus poemas é marcada por um vocabulário antipoético: escarro, verme, morcego, etc. Seus temas preferidos são a ingratidão do ser humano, a putrefação dos cadáveres. São dele os famosos versos: “a mão que afaga é a mesma que apedreja”. Trata-se de
a)    Augusto dos Anjos.                    d)    Vinicius de Moraes.
b)    Luís Vaz de Camões.                  e)    Manuel Bandeira.
c)    Vicente de Carvalho.
Resposta: a

22.  (FEI-SP) Em O Guarani, o autor procura valorizar as origens do povo brasileiro e transformar certos personagens em heróis, com traços do caráter do “bom selvagem”: pureza, valentia e brio. Essa tendência é típica do:
a)    romance urbano                           d)    poemas épicos
b)    romance regionalista                   e)    poemas históricos
c)    romance indianista
Resposta: c

23.  (UFSM-RS) Leia o soneto a seguir.
Psicologia de um vencido
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!

Augusto dos Anjos, Eu, Rio de Janeiro, Livr. São José, 1965.

       A partir desse soneto, é correto afirmar:
I.     Ao se definir como filho do carbono e do amoníaco, o eu lírico desce ao limite inferior da materialidade biológica pois, pensando em termos de átomos (carbono) e moléculas (amoníaco), que são estudados pela Química, constata-se uma dimensão onde não existe qualquer resquício de alma ou de espírito.
II.   O amoníaco, no soneto, é uma metáfora de alma, pois, segundo o eu lírico, o homem é composto de corpo (carbono) e alma (amoníaco) e, no fim da vida, o corpo (orgânico) acaba, apodrece, enquanto a alma (inorgânica) mantém-se intacta.
III.  O soneto principia descrevendo as origens da vida e termina descrevendo o destino final do ser humano; retrata o ciclo da vida e da morte, permeado de dor, de sofrimento e da presença constante e ameaçadora da morte inevitável.
Está(ão) correta(s)
a)    apenas II.                                    d)    apenas I e III.
b)    apenas III.                                   e)    apenas II e III.
c)    apenas I e II.
Resposta: d

24.  (UFSM-RS) Leia os versos de Raimundo Correia e considere as afirmativas que se seguem.
Vai-se a primeira pomba despertada…
Vai-se outra mais … mais outra … enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia a sangüínea e fresca madrugada…
I.     As rimas finais são intercaladas.
II.   A estrofe é marcada por aliterações e assonâncias.
III.  Os versos são decassílabos, à exceção do segundo que é alexandrino.
Está(ão) correta(s)
a)    apenas I.                                      d)    apenas II e III.
b)    apenas II.                                    e)    I, II e III.
c)    apenas I e II.

Resposta: e


25.  (UFSM-RS)
Era um sonho dantesco … O tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros … estalar do açoite …
Legiões de homens negros como a noite
Horrendos a dançar.
       Assinale a alternativa que identifica, corretamente, autor, título do poema e período literário dos versos citados.
a)    Álvares de Azevedo — Noite na taverna — Romantismo
b)    Castro Alves — O navio negreiro — Romantismo
c)    Aluísio Azevedo — O mulato — Naturalismo
d)    Álvares de Azevedo — Conde Lopo — Romantismo
e)    Castro Alves — Vozes d’África — Romantismo

Resposta: b


26.  (UFSM-RS) No romance Lucíola, de José de Alencar, Lúcia é seduzida ainda mocinha por um homem devasso, num momento em que precisava de dinheiro para salvar familiares doentes. Expulsa do convívio familiar, começa a viver como uma cortesã caprichosa. Sua regeneração moral começa quando se apaixona por Paulo, mas logo é vitimada por uma doença fatal e morre.
       Entre as heroínas do Romantismo, não é apenas Lúcia que tem como destino a morte. Pode(m)-se citar também:
I.     Inocência, do romance Inocência de Alfredo Taunay.
II.   Iracema, do romance Iracema de José de Alencar.
III.  Carolina, do romance A moreninha de Joaquim Manuel de Macedo.
Está(ão) correta(s)
a)    apenas I e II.                               d)    apenas III.
b)    apenas II.                                    e)    apenas II e III.
c)    apenas I e III.

Resposta: a


27.  (PUCCAMP-SP) Na poesia como na prosa do Romantismo, ocorre a idealização da figura do índio, o que se pode observar em alguns dos poemas de Gonçalves Dias ou no romance Iracema, de José de Alencar. Tal idealização atende ao seguinte compromisso desses autores:
a)    enaltecimento dos padrões aristocráticos de conduta, comprometidos com os desdobramentos da luta popular pela Independência.
b)    exaltação das virtudes naturais dos indígenas, interpretadas num código que as identificava com a coragem e a fidalguia cavalheirescas.
c)    culto da simplicidade e da modéstia, vistas como bases morais inspiradoras para o desenvolvimento da vida burguesa.
d)    condenação do processo colonial, responsável pela descaracterização da cultura indígena e dos valores populares.
e)    valorização do lendário e do folclórico, tomados como inspiradores de uma arte nacional de estilo primitivista.

Resposta: e


28.  (PUCCAMP-SP) O trecho abaixo é parte do último capítulo de Dom Casmurro, de Machado de Assis:

O resto é saber se a Capitu da Praia da Glória já estava dentro da de Mata-cavalos, ou se esta foi mudada naquela por efeito de algum caso incidente. Jesus, filho de Sirach, se soubesse dos meus primeiros ciúmes, dir-me-ia, como no seu cap. IX, vers. I: “Não tenhas ciúmes de tua mulher para que ela não se meta a enganar-te com a malícia que aprender de ti”. Mas eu creio que não, e tu concordarás comigo; se te lembras bem da Capitu menina, hás de reconhecer que uma estava dentro da outra, como a fruta dentro da casca.
       Invocando aqui a memória e o testemunho do leitor de sua história, o narrador arremata a narrativa
a)    lembrando que os ciúmes de Bentinho por Capitu poderiam perfeitamente ser injustificáveis.
b)    concluindo que a única explicação para a traição de Capitu é a força caprichosa de circunstâncias acidentais.
c)    citando uma passagem da Bíblia, à luz da qual acaba admitindo a possibilidade da inocência de Capitu.
d)    pretendendo que a personalidade de Capitu tenha se desenvolvido de modo a cumprir uma natural inclinação.
e)    se mostra reticente quanto à convicção de que fora traído, sugerindo que continuará ponderando os fatos.

Resposta: d


29.  (PUC-SP) Fragmento I
Pálida à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!
       Era a virgem do mar na escuma fria
       Pela maré das águas embalada!
       Era um anjo entre nuvens d’alvorada
       Que em sonhos se banhava e se esquecia!

            Fragmento II

É ela! é ela! — murmurei tremendo,
E o eco ao longe murmurou — é ela!
Eu a vi — minha fada aérea e pura —
A minha lavadeira na janela!
(…)
Esta noite eu ousei mais atrevido
Nas telhas que estalavam nos meus passos
Ir espiar seu venturoso sono,
Vê-la mais bela de Morfeu nos braços!

Como dormia! que profundo sono!…
Tinha na mão o ferro do engomado…
Como roncava maviosa e pura!…
Quase caí na rua desmaiado!
(…)
É ela! é ela! — repeti tremendo;
Mas cantou nesse instante uma coruja…
Abri cioso a página secreta…
Oh! meu Deus! era um rol de roupa suja!
       Os fragmentos acima são de Álvares de Azevedo e desenvolvem o tema da mulher e do amor. Caracterizam duas faces diferentes da obra do poeta. Comparando os dois fragmentos, podemos afirmar que,
a)    no primeiro, manifesta-se o desejo de amar e a realização amorosa se dá plenamente entre os amantes.
b)    no segundo, apesar de haver um tom de humor e sátira, não se caracteriza o rebaixamento do tema amoroso.
c)    no primeiro, o poeta figura a mulher adormecida e a toma como objeto de amor jamais realizado.
d)    no segundo, o poeta expressa as condições mais rasteiras de seu cotidiano, porém, atribui à mulher traços de idealização iguais aos do primeiro fragmento.
e)    no segundo, ao substituir a musa virginal pela lavadeira entretida com o rol de roupa suja, o poeta confere ao tema amoroso tratamento idêntico ao verificado no primeiro fragmento.

Resposta: c


30.  (PUC-SP) A questão central, proposta no romance Senhora, de José de Alencar, é a do casamento. Considerando a obra como um todo, indique a alternativa que não condiz com o enredo do romance.
a)    O casamento é apresentado como uma transação comercial e, por isso, o romance estrutura-se em quatro partes: preço, quitação, posse, resgate.
b)    Aurélia Camargo, preferida por Fernando Seixas, compra-o e ele, contumaz caça-dote, sujeita-se ao constrangimento de uma união por interesse.
c)    O casamento é só de fachada e a união não se consuma, visto que resulta de acordo no qual as aparências sociais devem ser mantidas.
 d)   A narrativa marca-se pelo choque entre o mundo do amor idealizado e o mundo da experiência degradante governado pelo dinheiro.
e)    O romance gira em torno de intrigas amorosas, de desigualdade econômica, mas, com final feliz, porque, nele, o amor tudo vence.

Resposta: c


31.  (UFRS-RS) Leia as afirmações abaixo sobre os romances O Guarani e Iracema, de José de Alencar.
I.     Em O Guarani, tanto a casa de Mariz, representante dos valores lusitanos, quanto os Aimorés, que retratam o lado negativo da terra americana, são destruídos.
II.   Em Iracema, a guardiã do “segredo da Jurema” abandona sua tribo para seguir Martim, o homem branco por quem se apaixonara.
III.  Em O Guarani e Iracema, as personagens indígenas — Peri e Iracema — morrem em circunstâncias trágicas, na certeza de que serão vingadas.
Quais estão corretas?
a)    Apenas I.                                     d)    Apenas II e III.
b)    Apenas II.                                   e)    I, II e III.
c)    Apenas I e II.

Resposta: c


32.  (UFRS-RS) Leia o texto abaixo, extraído do romance Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida.

       “Desta vez porém Luizinha e Leonardo, não é dizer que vieram de braço, como este último tinha querido quando foram para o Campo, foram mais adiante do que isso, vieram de mãos dadas muito familiar e ingenuamente. E ingenuamente não sabemos se se poderá aplicar com razão ao Leonardo.”

       Considere as afirmações abaixo sobre o comentário feito em relação à palavra ingenuamente na última frase do texto.
I.     O narrador aponta para a ingenuidade da personagem frente à vida e às experiências desconhecidas do primeiro amor.
II.   O narrador, por saber quem é Leonardo, põe em dúvida o caráter da personagem e as suas intenções.
III.  O narrador acentua o tom irônico que caracteriza o romance.
Quais estão corretas?
a)    Apenas I.                                     d)    Apenas II e III.
b)    Apenas II.                                   e)    I, II e III.
c)    Apenas III.

Resposta: b


33.  (PUC-SP) O conto “A Cartomante” integra a obra Várias Histórias de Machado de Assis. Dele é incorreto afirmar que
a)    se desenvolve a partir da afirmação de Horácio de que há mais coisas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia.
b)    apresenta um triângulo amoroso no qual Rita, casada com Vilela, o trai com o amigo Camilo.
c)    caracteriza a personagem feminina como uma dama formosa e tonta e mostra-a insinuante como uma serpente.
d)    apresenta um final feliz já que a previsão da cartomante sobre o amor dos dois realiza-se plenamente.
e)    se trata de uma narrativa tradicional com estrutura bem definida, conduzindo a história para um clímax inesperado, o chamado elemento surpresa.

Resposta: d


34.  (CEFET-MG) Sobre o Realismo / Naturalismo afirma-se:
I.     Os escritores naturalistas mostram a decadência das instituições, denunciam a hipocrisia.
II.   A linguagem da prosa realista tende à universalização porque todos os homens vivem mais ou menos os mesmos problemas, embora esse tipo de prosa tome como ponto de partida o indivíduo comum e anônimo.
III.  O Naturalismo procura dar um novo tratamento ao Realismo, atribuindo-lhe um caráter mais científico.
Está(ão) correta(s)
a)    I e III.                                         d)    I, II e III.
b)    I e II.                                           e)    I apenas.
c)    II e III.

Resposta: d


35.  (UEPA-PA) Sobre Alphonsus de Guimaraens, afirma Alfredo Bosi, na História Concisa da Literatura Brasileira, “… foi poeta de um só tema: a morte da amada”.
       Essa obsessão faz a natureza cúmplice permanente de suas dores, como se vê na seguinte estrofe desse poeta.
a)    “Ontem, à meia-noite, estando junto
       A uma igreja, lembrei-me de ter visto
       Um velho que levava às costas isto:
       Um caixão de defunto.”
b)    “Espectros que têm voz, sombras que têm tristezas
       Perseguem-me: e acompanho os apagados traços
       De semblantes que amei fora da natureza.”
c)    “E o sino canta em lúgubres responsos1
       Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”
d)    “O olhar feto no chão, como desfeito
       Em sangue, o velho, sem me olhar segura,
       E ouvir-lhe a única frase que dizia:
       Vou levando o meu leito.”
e)    “Hão de chorar por ela os cinamomos2
       Murchando as flores ao tombar do dia.
       Dos laranjais hão de cair os pomos3,
       Lembrando-se daquela que os colhia.”
1. Responsos: versículos rezados ou cantados
2. Cinamomos: jasmineiros
3. Pomos: frutos

Resposta: e


36.  (UFRS-RS) Leia o trecho abaixo, do conto “Um homem célebre”.
      
“A fama do Pestana dera-lhe definitivamente o primeiro lugar entre os compositores de polcas; mas o primeiro lugar da aldeia não contentava a este César, que continuava a preferir-lhe, não o segundo, mas o centésimo em Roma.”

       Assinale a resposta correta, tendo em perspectiva o conto referido.
a)    O narrador insinua que Pestana aspira a compor uma obra clássica.
b)    A alusão metafórica a César aponta para o anseio de poder político da personagem.
c)    Preferir o centésimo lugar em Roma significa o desejo da personagem de residir naquela cidade.
d)    Ter obtido “o primeiro lugar entre os compositores de polcas” corresponde ao ideal artístico de Pestana.
e)    A identificação com César remete a uma sintonia de Pestana com os ideais imperialistas.
Resposta: a

37.  (CEFET-MG) Os pressupostos abaixo caracterizam o Parnasianismo, EXCETO
a)    referência à mitologia greco-latina.
b)    busca do máximo de subjetividade na elaboração do poema, separando o sujeito criador do objeto criado.
c)    preferência pelas formas poéticas fixas e regulares como o soneto.
d)    o esteticismo, a depuração formal, o ideal da “arte pela arte”.
e)    o purismo e o preciosismo vocabular e lingüístico, com predomínio de termos eruditos.
Resposta: b

38.  (PUC-PR) Observe as afirmações abaixo que definem as principais características de diferentes correntes estéticas da literatura e aponte a seqüência das que estiverem corretas:

I.     O Romantismo apresenta uma temática voltada à individualidade, chegando ao exagero na exposição dos sentimentos e à subjetividade no julgamento do mundo e dos homens. Mantém a descrição de uma natureza meramente decorativa e busca o hermetismo na poesia.
II.   O Parnasianismo foi marcado pelo cientificismo, pela poesia filosófico-científica e socialista, pela recusa à idealização romântica e pelo culto da forma. Já o Simbolismo buscou o culto da forma sonora e visual, o misticismo, o espiritualismo, as expressões do inconsciente e a sugestividade.
III.  A produção contemporânea se qualifica pela atomização da palavra, pelo discurso descontínuo e fragmentado, pelo realismo fantástico, pelo experimentalismo, pela associação com a psicanálise e pela mistura de gêneros e estilos.

Está ou estão corretas:
a)    I, II e III.                                    d)    apenas II.
b)    apenas I e II.                               e)    apenas III.
c)    apenas II e III.
Resposta: e

39.  (PUC-PR) Com base na leitura de Dom Casmurro, e considerando a importância de Machado de Assis para a literatura brasileira, identifique as alternativas como VERDADEIRAS ou FALSAS.
(  )   Escrito quando o Realismo era a estética dominante, Dom Casmurro é antes um “romance filosófico” que um “romance social”.
(  )   Ao contrário de diversas heroínas românticas, punidas com a morte por comportamentos inadequados para os padrões de sua época, a principal personagem feminina de Dom Casmurro não morre no final da narrativa.
(  )   Ainda que acreditasse não ser pai de Ezequiel, Bento Santiago não deixou que isso interferisse na relação pai-filho, e sempre quis ter o rapaz muito perto de si.
(  )   Assim como em Esaú e Jacó, a presença do Imperador e as referências à vida política brasileira são constantes em Dom Casmurro e interferem nos acontecimentos narrados.
A seqüência correta é:
a)    V, F, F, F.                                   d)    V, V, V, F.
b)    F, F, F, V.                                   e)    F, V, F, F.
c)    F, V, F, V.
Resposta: a

40.  (UFV-MG) Observe a seguinte declaração sobre o Pré-Modernismo:
      
Creio que se pode chamar pré-modernismo (no sentido forte de premonição dos temas vistos em 22) tudo o que, nas primeiras décadas do século, problematiza a nossa realidade social e cultural.
BOSI, Alfredo, História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1994. p. 306.
      
Atente agora para o que se afirma a respeito de algumas obras e autores brasileiros e assinale a alternativa cujo conteúdo NÃO contempla a síntese crítica de Alfredo Bosi:
a)    Um dos grandes temas de Os Sertões é a denúncia que Euclides da Cunha faz sobre o crime que a nação cometeu contra si própria na Guerra dos Canudos.
b)    Monteiro Lobato imortalizou o personagem Jeca Tatu, transformando-o no símbolo do caipira subdesenvolvido que vive na indolência e pratica sempre a “lei do menor esforço”.
c)    Lima Barreto expressou sempre o inconformismo face às injustiças sociais e, na obra Triste Fim de Policarpo Quaresma, construiu uma imagem caricata do Brasil com todas as suas contradições.
d)    Mário e Oswald de Andrade notabilizaram-se como os grandes líderes da revolução de 22 e, portanto, do processo de ruptura em relação à tradição intelectual, libertando a literatura brasileira da “calmaria” em que se encontrava.
e)    Em Os Sertões, Euclides da Cunha opõe o homem do sertão ao homem do litoral, acentuando-lhes as diferenças econômicas e socioculturais.
Resposta: a

41.  (UFSM-RS) “(…) esta aparência de cansaço ilude. Nada é mais surpreendedor do que vê-la desaparecer de improviso. Naquela organização combalida operam-se, em segundos, transmutações completas. Basta o aparecimento de qualquer incidente exigindo-lhe o desencadear das energias adormecidas. O homem transfigura-se.”
       Assinale a frase que, retirada de Os sertões, sintetiza o trecho citado.
a)    “é o homem permanentemente fatigado”
b)    “o sertanejo é, antes de tudo, um forte”
c)    “a raça forte não destrói a fraca pelas armas, esmaga-a pela civilização”
d)    “Reflete a preguiça invencível (…) em tudo”
e)    “a sua religião é como ele — mestiça”
Resposta: b

42.  (UFSM-RS) No período de 1909 a 1924, foram publicados, na Europa, diversos manifestos para apresentar propostas dos movimentos de vanguarda. O esforço de reflexão sobre a realidade brasileira, associado ao conhecimento de idéias desses movimentos, motivou a realização da Semana de Arte Moderna no Brasil.
       Os movimentos de vanguarda do início do século XX representaram uma
a)    consolidação das formas realistas de arte.
b)    negação do valor da originalidade, através da sustentação de elementos da cultura burguesa do século XIX.
c)    confirmação dos valores clássicos, em especial a ordem e a simetria.
d)    censura autoritária a qualquer expressão artística.
e)    ruptura com a tradição, trazendo mudanças nos modos de representação da realidade.
Resposta: e

43.  (UFSM-RS) Considere as seguintes afirmativas sobre a Semana de Arte Moderna:
I.     Foi realizada em 1922, no Teatro Municipal de São Paulo.
II.   Incluiu conferências, leituras de textos literários e apresentações musicais.
III.  Em ambiente de controvérsia, são encontradas, na imprensa da época, expressões tanto de apoio como de crítica severa ao evento.
Está(ão) correta(s)
a)    apenas I.                                      d)    apenas II e III.
b)    apenas II.                                    e)    I, II e III.
c)    apenas I e III.
Resposta: e

44.  (UFSE-SE)
O capoeira
       — Qué apanhá sordado?
       — O quê?
       — Qué apanhá?
       Pernas e cabeças na calçada.

       No poema acima, a oralidade, o humor e a velocidade fotográfica da cena retratada são elementos típicos da poética revolucionária em que se empenhou o autor de
a)    Os escravos.                                d)    A bagaceira.
b)    Pau-Brasil.                                   e)    Os sertões.
c)    A luta corporal.
Resposta: b

45.  (UFSM-RS)                                              pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
       Assinale a alternativa que indica a oposição evidenciada nos versos de Oswald de Andrade.
a)    professor ´ aluno                        d)    indivíduo ´ nação
b)    mal ´ bem                                   e)    branco ´ mulato
c)    culto ´ popular
Resposta: c

46.  (UFU-MG) Leia as afirmativas seguintes sobre a obra Macunaíma, de Mário de Andrade, e assinale a alternativa INCORRETA.
a)    Sendo uma rapsódia, a obra caracteriza-se pelo acolhimento e assimilação de elementos variados de nossa cultura. Por esse caráter multifacetado, Macunaíma é inviável enquanto representação de nossa identidade.
b)    O herói Macunaíma é um tipo criado a partir de contos populares e está ligado a personagens do folclore brasileiro, como Pedro Malazarte. Mais recentemente, pode-se aproximá-lo a João Grilo, da peça Auto da Compadecida.
c)    São elementos da obra a mitologia indígena, o folclore nacional, a nossa língua falada, os costumes brasileiros. Os costumes brasileiros, Mário de Andrade retira-os da cidade de São Paulo, onde Macunaíma passa um bom tempo.
d)    Há um acentuado procedimento parodístico sustentando a obra. A paródia recai, inclusive, sobre obras da Literatura Brasileira, como Iracema, de José de Alencar, e também sobre a “Carta do achamento do Brasil”, de Pero Vaz de Caminha.
Resposta: a

47.  (UFMG-MG) As histórias de Macunaíma foram contadas pelo papagaio ao narrador, que vai continuar contando-as: “… ponteei na violinha e em toque rasgado botei a boca no mundo cantando na fala impura as frases e os casos de Macunaíma, herói de nossa gente”.
       Sabe-se que o livro Macunaíma foi considerado, por seu autor, uma rapsódia.
       Com relação a esse fato, é CORRETO afirmar que
a)    a palavra rapsódia significa narrativa acompanhada de viola.
b)    as histórias populares, tradicionalmente chamadas de rapsódia, são moralizadoras.
c)    o narrador “alinhava”, na rapsódia, histórias da tradição oral.
d)    rapsódia é o nome que se dá às narrativas orais recuperadas por escritores.
Resposta: c

48.  (UFF-RJ) Sobre autores de nossa literatura e aspectos de sua obra é incorreto afirmar:
a)    Mário de Andrade, escritor do Modernismo, foi um pesquisador incessante das variadas manifestações da cultura brasileira e, por seu espírito crítico, exerceu influência decisiva na renovação de nossa literatura. Estudou e escreveu também sobre folclore, música e pintura.
b)    Machado de Assis, importante escritor nascido no século XIX, produziu uma obra rica em gêneros literários, destacando-se principalmente no conto e no romance, com seu poder de análise da psicologia humana. Destacam-se entre seus contos: A Missa do Galo, A Cartomante, Uns Braços.
c)    José de Alencar foi um escritor do século XIX, cuja vasta obra inclui romances nas linhas regionalista, urbana, indianista e histórica, além de numerosos textos sobre as relações entre a língua e a literatura nacional.
d)    Álvares de Azevedo foi um poeta romântico que se destacou sobretudo na temática indianista. Exaltou principalmente o sentimento de honra e a valentia do índio. Escreveu alguns dos poemas mais conhecidos de nossa literatura, tais como: Lira dos Vinte Anos, Macário, Marabá, O Canto do Guerreiro.
e)    Guimarães Rosa, importante escritor do século XX, foi um inovador em termos de linguagem. Utilizou-se de vários processos para elaborar seu texto, tais como: criação de palavras, exploração de aspectos sonoros, adaptação estética do linguajar regionalista pleno de arcaísmos. De sua obra, que expressa uma profunda visão dos problemas humanos, podem-se citar Grande sertão: veredas, Sagarana, Primeiras Estórias.
Resposta: d

49.  (UNOPAR-PR) No poema Auto-retrato, Manuel Bandeira define-se como:

Provinciano que nunca soube escolher bem uma gravata; / Pernambucano a quem repugna / A faca do pernambucano; / … E em matéria de profissão / Um tísico profissional.
      
Assinale a alternativa em que o próprio poeta retoma os sentidos dos versos acima.
a)    Irene preta
       Irene boa
       Irene sempre de bom humor.
b)    Quando ontem adormeci
       Na noite de São João
       Havia alegria e rumor.
c)    Quero antes o lirismo dos loucos
       O lirismo dos bêbados
       O lirismo difícil e pungente dos bêbados.
d)    Eu quero a estrela da manhã
       Onde está a estrela da manhã?
       Meus amigos meus inimigos
       Procurem a estrela da manhã.
e)    Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos
       A vida inteira, que podia ter sido e que não foi
       tosse, tosse, tosse.
Resposta: e

50.  (PUC-SP) Libertinagem, uma das obras mais expressivas de Manuel Bandeira, apresenta temática variada. Indique a alternativa em que não há correspondência entre o tema e o poema.
a)    cotidiano — “Poema tirado de uma notícia de jornal”
b)    recordações da infância — “Profundamente”
c)    teor metalingüístico — “Poética”
d)    evasão e exílio — “Vou-me embora pra Pasárgada”
e)    amor erótico — “Irene no céu”
Resposta: e

51.  (UFV-MG) Leia atentamente o texto:
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada                 Pra me contar as histórias
Lá sou amigo do rei                                  Que no tempo de eu menino
Lá tenho a mulher que eu quero                Rosa vinha me contar
Na cama que escolherei                             Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
                                                                  Em Pasárgada tem tudo   
Vou-me embora pra Pasárgada                 É outra civilização
Aqui eu não sou feliz                                Tem um processo seguro
Lá a existência é uma aventura                 De impedir a concepção
De tal modo inconseqüente                      Tem telefone automático
Que Joana a Louca de Espanha                Tem alcalóide à vontade
Rainha e falsa demente                             Tem prostitutas bonitas
Vem a ser contraparente                           Para a gente namorar
Da nora que nunca tive                            
                                                                  E quando eu estiver mais triste
E como farei ginástica                               Mais triste de não ter jeito           
Andarei de bicicleta                                  Quando de noite me der
Montarei em burro brabo                          Vontade de me matar
Subirei no pau de sebo                              — Lá sou amigo do rei —
Tomarei banhos de mar!                            Terei a mulher que eu quero
E quando estiver cansado                         Na cama que escolherei
Deito na beira do rio                                 Vou-me embora pra Pasárgada.
Mando chamar a mãe-d’água                   
BANDEIRA, Manuel. Vou-me embora pra Pasárgada e outros poemas.
Rio de Janeiro: Ediouro, 1997. p. 33.

       Pasárgada transubstanciou-se em um espaço utópico, onde o poeta se refugiou de suas derrotas e pôde realizar todos os sonhos e desejos de um adolescente traumatizado pela doença, que lhe marcou a vida e lhe inspirou a produção poética.
       Dentre as alternativas que se seguem, assinale aquela que NÃO interpreta corretamente o poema:
a)    Pasárgada surge como um delicioso refúgio, onde o prazer e a liberdade se tornam infinitos e os desequilíbrios da vida adquirem uma ordem lógica.
b)    “Vou-me embora pra Pasárgada” é um poema de evasão e promete resgatar, oniricamente, as ações simples e insignificantes que constituem a rotina de um menino sadio.
c)    Em Pasárgada, os loucos e alienados podem assumir livremente suas contradições e fantasias, o que reafirma o caráter excepcional desse reino imaginário.
d)    Em “Vou-me embora pra Pasárgada”, Manuel Bandeira contrapõe o espaço da utopia ao espaço da realidade e, indiretamente, critica uma civilização opressora e impregnada de falsos valores.
e)    A lúdica e encantada Pasárgada não conseguiu abrandar as frustrações do poeta, possibilitando a existência de uma hierarquia que determina as diferenças sociais.
Resposta: e

52.  (UNOPAR-PR) Atente para as seguintes associações de marcas estilísticas a períodos literários.
I.     “Ruptura do equilíbrio da vida interior, com o triunfo da intuição e da fantasia” — ROMANTISMO.
II.   Inconformismo social, ideais políticos e de liberdade, entusiasmo nacionalista” — PARNASIANISMO.
III.  “Grande desejo de expressão livre e tendência para transmitir, sem os embelezamentos tradicionais do academismo, a emoção pessoal e a realidade do País” — MODERNISMO.
IV.  “Muito peculiar é o seu vocabulário, adaptado aos temas prediletos da morte, do distanciamento, das cerimônias litúrgicas, das paisagens vagas cheias de cisnes, lagos, luares, envoltas em neblinas e em ressonâncias.” — SIMBOLISMO.
Estão corretas as associações feitas em
a)    III e IV.                                      d)    I e IV.
b)    I e II.                                           e)    II e III.
c)    I, III e IV.
Resposta: c

53.  (FUVEST-SP) Apesar de muito diferentes entre si, as personagens Macunaíma (de Macunaíma) e Gonçalo Mendes Ramires (de A ilustre Casa de Ramires) apresentam como traço de semelhança o fato de que ambas
a)    personificam o desejo brasileiro e português de modernizar-se, rompendo com as tradições e os costumes herdados.
b)    são incorrigivelmente ociosas, recusando-se a vida toda a tomar parte em atividades produtivas.
c)    simbolizam a indecisão típica do homem moderno, que as impede de levar adiante os empreendimentos começados.
d)    representam a terra e a gente a que cada uma pertence, na medida em que a primeira é o “herói de nossa gente” e a segunda “lembra” Portugal.
e)    encarnam o dilema próprio do homem do final do século XIX, dividido entre a vida rural e a vida urbana.
Resposta: d

54.  (UA-AM) Os fragmentos de poemas transcritos abaixo pertencem ao período modernista. Leia-os e identifique os respectivos autores.

I.     No meio do caminho tinha uma pedra
       tinha um pedra no meio do caminho
       tinha uma pedra
       no meio do caminho tinha um pedra.
       (…)
                                                (No meio do caminho)
II.   Vou-me embora pra Pasárgada
       Lá sou amigo do rei
       Lá tenho a mulher que eu quero
       Na cama que escolherei
       (…)
                (Vou-me embora pra Pasárgada)
III.  De repente do riso fez-se o pranto
       Silencioso e branco como a bruma
       E das bocas unidas fez-se a espuma
       E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
       (…)
                                                   (Soneto de separação)
IV.  Catar feijão se limita com escrever:
       joga-se os grãos na água do alguidar
       e as palavras na da folha de papel;
       e depois, joga-se fora o que boiar.
       (…)
                                                            (Catar feijão)
V.   Eu canto porque o instante existe
       e a minha vida está completa.
       Não sou alegre nem sou triste:
       sou poeta.
       (…)
                                                               (Motivo)
a)    Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Vinícius de Moraes, João Cabral de Melo Neto e Cecília Meireles.
b)    Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Vinícius de Moraes, Cecília Meireles e Mário Quintana.
c)    Luiz Bacellar, Thiago de Mello, Raul Bopp, Haroldo de Campos e Ferreira Gullar.
d)    Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Jorge de Lima, Paulo Leminski e Mário Quintana.
e)    Murilo Mendes, Thiago de Mello, Adélia Prado, João Cabral de Melo Neto e Jorge de Lima.
Resposta: a

55.  (CEFET-PR) Assinale a alternativa que NÃO apresenta um excerto de texto crítico representativo da Primeira Fase do Modernismo brasileiro.
a)    “Quando sinto a impulsão lírica escrevo sem/ pensar tudo o que meu inconsciente me grita./ Penso depois: não só para corrigir, como para/ justificar o que escrevi (…).” (Mário de Andrade,Prefácio Interessantíssimo”.)
b)    “Nenhuma fórmula para a contemporânea expressão do mundo. Ver com olhos livres.” (Oswald de Andrade,Manifesto da Poesia Pau-Brasil”.)
c)    “Aos nossos olhos riscados pela velocidade dos bondes elétricos e dos aviões, choca a visão das múmias eternizadas pela arte dos embalsamadores.” (Menotti del Picchia, Conferência intitulada “Arte Moderna”.)
d)    “A regra não é a obediência, que nada justifica, a maneiras de fazer defuntas, pelo gosto do anacronismo, ou a maneiras de fazer arbitrárias, pelo gosto do malabarismo. A regra é então profundamente funcional e visa a assegurar a existência de condições sem as quais o poema não poderia cumprir sua utilidade.” (João Cabral de Melo Neto,Poesia e Composição”.)
e)    “O dicionário, que a Academia pretende fazer, será o Dicionário da Língua Portuguesa. Nele serão incorporados todos os vocábulos e frases da linguagem corrente brasileira, impropriamente chamados brasileirismos. Os ‘portuguesismos’ ou expressões da linguagem usada exclusivamente em Portugal, sem uso corrente no Brasil, não serão introduzidos nesse dicionário da língua portuguesa.” (Graça Aranha, Projeto apresentado à Academia Brasileira de Letras.)
Resposta: d

56.  (CEFET-PR)
“(…) Estou me enganando, preciso voltar. Não sinto loucura no desejo de morder estrelas, mas ainda existe a terra. É porque a primeira verdade está na terra e no corpo. Se o brilho da estrela dói em mim, se é possível essa comunicação distante, é que alguma coisa quase semelhante a uma estrela tremula dentro de mim. Eis-me de volta ao corpo. Voltar ao meu corpo. Quando me surpreendo ao fundo do espelho assusto-me. Mal posso acreditar que tenho limites, que sou recortada e definida. Sinto-me espalhada no ar, pensando dentro das criaturas, vivendo nas coisas além de mim mesma. Quando me surpreendo ao espelho não me assusto porque me ache feia ou bonita. É que me descubro de outra qualidade. Depois de não me ver há muito quase esqueço que sou humana, esqueço meu passado e sou com a mesma libertação de fim e de consciência quanto uma coisa apenas viva. (…)”

O texto acima foi escrito por Clarice Lispector, autora da 3a fase do Modernismo Brasileiro, no livro “Perto do Coração Selvagem”. Percebe-se, nesse fragmento, características da autora que permeiam o conjunto de sua obra.
Assinale, entre as alternativas a seguir, aquela em que todos os itens se destacam em toda a obra de C. Lispector.
a)    Prosa intimista; busca da essência das coisas; os fatos em si importam menos do que a repercussão dos fatos no indivíduo.
b)    Prosa poética; busca da essência das coisas; os fatos em si importam mais do que a repercussão dos fatos no indivíduo.
c)    Prosa intimista; busca da essência das coisas; forte pessimismo.
d)    Prosa poética; engajamento religioso; intimismo.
e)    Prosa intimista; idealismo regionalista; os fatos em si importam menos do que a repercussão dos fatos no indivíduo.
Resposta: a

57.  (PUCCAMP-SP) Eis que de repente vejo que não sei nada. O gume de minha faca está ficando cego? Parece-me que o mais provável é que não entendo porque o que vejo agora é difícil; estou entrando sorrateiramente em contato com uma realidade nova para mim e que ainda não tem pensamentos correspondentes e muito menos ainda alguma palavra que a signifique. É mais uma sensação atrás do pensamento.
       Neste trecho de Clarice Lispector, expõe-se uma convicção muitas vezes determinante para seu modo de produção ficcional:
a)    o ato de narrar persegue a revelação de coisas essenciais que desafiam a expressão.
b)    a narrativa deve registrar fielmente as ações sobre as quais o narrador se debruça.
c)    às idéias mais claras e cortantes devem corresponder as palavras mais simples.
d)    toda história tem que determinar por si mesma o movimento natural das palavras.
e)    só se pode encontrar uma nova realidade quando se está liberto das puras sensações.
Resposta: a

58.    (UFSM-RS) Guimarães Rosa costumava dizer que “decifrar mistérios é ótimo. Diverte e exercita o cérebro”. É assim que ele desafia o leitor, ao propor para um conto de Primeiras histórias a seguinte ilustração:




       Os cinco elementos trazem sugestões simbólicas que se associam por adição.
       Considerando que
       ¥ = o infinito, em linguagem matemática,
       afirma-se que o mistério proposto pelo escritor mineiro pode ser decifrado por
a)    “Partida do audaz navegante”, pois tem como tema um homem que, numa canoa, chega a determinada cidade e seqüestra duas crianças.
b)    “A terceira margem do rio”, pois ¥, o infinito, simboliza a terceira margem, o rio adentro, a busca do ponto mais elevado do desenvolvimento mental.
c)    “Famigerado”, pois Damásio, dos Siqueiras, ao morrer no fim do conto, atinge o ponto mais elevado do desenvolvimento mental.
d)    “O espelho”, pois o elemento ¥ remete à batalha dos índios protagonistas do conto, em sua infinita busca de perfeição.
e)    “Seqüência”, pois o conto retrata a eterna busca de um homem, a fim de resgatar uma vaquinha fujona, que remete a ¥, símbolo do infinito, já que a procura não termina nunca.
Resposta: b

59.  (CEFET-PR) Sobre os contos de SAGARANA é INCORRETO afirmar:
a)    A volta do marido pródigo demonstra, no comportamento do protagonista, o poder criador da palavra, dimensão da linguagem tão apreciada por Guimarães Rosa.
b)    Tanto em Corpo fechado quanto em Minha gente o espaço é variado, deslocando-se a ação de um lugar para outro.
c)    Em Duelo e Sarapalha figuram personagens femininas cujos traços não aparecem nas mulheres de outros contos.
d)    O burrinho pedrês, Conversa de bois e São Marcos trabalham com a mudança de narradores.
e)    A hora e a vez de Augusto Matraga não apresenta a inserção de casos ou narrativas secundárias.
Resposta: c

60.  (CEFET-PR) Sobre Contos Novos é CORRETO afirmar:
a)    O humor, tema caro ao Mário de Andrade da primeira fase modernista, está colocado em segundo plano nesse livro, e aparece, agora, em pouquíssimas passagens dos contos, confirmando a maturidade estética do autor.
b)    Os contos são introspectivos, ou seja, o narrador muitas vezes procura apreender o que se passa no inconsciente dos personagens, o que faz com que esse livro se inscreva numa tradição de narrativa que remonta ao fim do século XIX, especialmente com Machado de Assis.
c)    O conto “O Ladrão” procura refletir sobre o cotidiano violento de moradores de um bairro da alta classe média paulista, assustados estes que estão pela constante ameaça ao seu patrimônio material.
d)    A linguagem utilizada nas narrativas desse livro é profundamente hermética, dificultando o seu entendimento, principalmente por causa da falta flagrante de marcas da oralidade, tão comuns no Mário de Andrade dos livros anteriores.
e)    A pontuação utilizada pelo autor é bastante tradicional, mesmo quando ele reproduz diálogos entre personagens que vivem momentos de descontração do cotidiano, expediente formal que comprova o retorno de Mário de Andrade aos moldes clássicos de narrativa utilizados desde o Romantismo no Brasil.
Resposta: b

61.  (UFMG-MG) Leia estes trechos:

       Dizem-se, estórias. Assim mesmo, no tredo estado em que tacteia, privo, mal-existente, o que é, cabidamente, é o filho tal-pai-tal; o “cão”, também, na prática verdade.
GUIMARÃES ROSA, João. A benfazeja. Primeiras estórias, 45. ed., p. 116.

       O pecurrucho tinha cabeça chata e Macunaíma inda a achatava mais batendo nela todos os dias e falando pro guri:
       — Meu filho, cresce depressa pra você ir pra São Paulo ganhar muito dinheiro.
ANDRADE, Mário de. Macunaíma, 31. ed., p. 28.
       Com base nessa leitura, é INCORRETO afirmar que os dois trechos
a)    assinalam a semelhança indiscutível entre pai e filho.
b)    reescrevem, à sua maneira, ditados e expressões populares.
c)    referem-se a situações que envolvem pai e filho.
d)    utilizam a linguagem coloquial do povo brasileiro.
Resposta: b

62.  (FUVEST-SP)
Chega!
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos.
Minha boca procura a “Canção do Exílio”.
Como era mesmo a “Canção do Exílio”?
Eu tão esquecido de minha terra…
Ai terra que tem palmeiras
onde canta o sabiá!
(Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”, Alguma poesia)
       Neste excerto, a citação e a presença de trechos ........... constituem um caso de ........... .
       Os espaços pontilhados da frase acima deverão ser preenchidos, respectivamente, com o que está em:
a)    do famoso poema de Álvares de Azevedo / discurso indireto.
b)    da conhecida canção de Noel Rosa / paródia.
c)    do célebre poema de Gonçalves Dias / intertextualidade.
d)    da célebre composição de Villa-Lobos / ironia.
e)    do famoso poema de Mário de Andrade / metalinguagem.
Resposta: c

63.  (FUVEST-SP)
Decerto a gente daqui
jamais envelhece aos trinta
nem sabe da morte em vida,
vida em morte, severina;
                                                                     (João Cabral de Melo Neto, Morte e vida severina)
       Neste excerto, a personagem do “retirante” exprime uma concepção da “morte e vida severina”, idéia central da obra, que aparece em seu próprio título. Tal como foi expressa no excerto, essa concepção só NÃO encontra correspondência em:
a)    “morre gente que nem vivia”.
b)    “meu próprio enterro eu seguia”.
c)    “o enterro espera na porta:
       o morto ainda está com vida”.
d)    “vêm é seguindo seu próprio enterro”.
e)    “essa foi morte morrida
       ou foi matada?”.
Resposta: e

64.  (UFRS-RS) Assinale com V (Verdadeiro) ou com F (Falso) as afirmações abaixo sobre o romance São Bernardo, de Graciliano Ramos.
(  )   O projeto de escrever um livro em conjunto, pela divisão do trabalho, não tem êxito. Paulo Honório critica os padrões quinhentistas seguidos por João Nogueira e a linguagem empolada de Azevedo Gondim, mas acaba adotando a mesma forma de escrever.
(  )   Embora pretenda reproduzir fielmente os fatos de sua vida, Paulo Honório desrespeita os acontecimentos, introduzindo personagens que de fato não existiram.
(  )   Paulo Honório seleciona os episódios mais significativos de sua vida, centrando-se nas circunstâncias que levam ao desenlace do drama sobre o qual se interroga.
(  )   Paulo Honório, em várias ocasiões, interrompe o relato para discutir as regras que presidem a sua escrita ou para confessar suas dificuldades de expressão.
(  )   Através do relato, Paulo Honório tem oportunidade de reavaliar sua vida, refletindo sobre seus atos e vendo a esposa sob uma nova perspectiva.
A seqüência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
a)    F — F — V — F — V
b)    V — F — V — F — V
c)    V — F — F — V — F
d)    F — F — V — V — V
e)    V — V — F — V — V
Resposta: a

65.  (UFU-MG) Sobre linguagem literária e estilos literários, indique a alternativa INCORRETA.
a)    A linguagem da poesia simbolista tende a ser mais vaga e imprecisa, e vem cercada por musicalidade, a exemplo do verso: “Véus neblinosos, longos véus de viúvas”.
b)    Os poetas românticos fizeram uso de uma linguagem excessivamente adjetivada, cujo objetivo era a expressão dos estados de alma do poeta, como no verso: “A tarde está tão bela, e tão serena”.
c)    A poesia parnasiana ficou marcada por uma linguagem espontânea, cujas palavras ornamentais ampliavam o significado, como no verso: “Purpúreas velas de real trirreme”.
d)    A partir do Modernismo a poesia passou a se expressar em uma linguagem menos clássica e mais voltada para o cotidiano, como no verso: “Estes cães da roça parecem homens de negócio”.
Resposta: c

66.  (UNOPAR-PR) Considere o que se afirma abaixo, sobre a obra de Graciliano Ramos.
I.     Exprime a realidade crua do homem nordestino.
II.   O romance São Bernardo, considerado uma obra-prima de nossa literatura, é narrado por Paulo Honório, que conta sua vida com a esposa, Madalena.
III.  O estilo dos textos é enxuto e trabalhado com rigor.
Deve-se dizer, a respeito dessas afirmações, que
a)    apenas I está correta.                       d)    somente II está correta.
b)    estão corretas somente II e III.        e)    somente I e III estão corretas.
c)    todas estão corretas.
Resposta: c

67.  (PUCCAMP-SP) Na novela Miguilim, de Guimarães Rosa, o leitor compreenderá que as sofridas experiências de menino no Mutum permitirão que o protagonista, quando adulto,
a)    procure esquecê-las, valorizando a vida que passou a ter depois de superar as privações de sua infância vazia.
b)    a elas se refira de modo a compensar aqueles momentos negativos com as fantasias que agora lhes acrescenta.
c)    a elas se refira com o natural ressentimento de quem olha para o passado e percebe que só tem perdas a lamentar.
d)    as retome para analisar sua fragilidade de criança, em meio às condições penosas daquela rotina sem revelações.
e)    as retome para valorizar o aprendizado profundo da infância, que incluiu as perdas afetivas e o ganho de quem descobre.
Resposta: e

68.  (UFPI-PI) Marque a alternativa em que predominam todas as características na primeira fase poética de Vinícius de Moraes.
a)    Desordem sensorial; estética primitivista e de base antropológica; hermetismo.
b)    Religiosidade mística; visão idealista em poemas longos; erotismo conflituoso.
c)    Narratividade épica; recriação de lendas e tradições brasileiras; imagens oníricas.
d)    Anarquismo formal; concepção irracional da existência; culto da blague e da piada.
e)    Poesia de participação social; valorização do trabalho humano; temática nacionalista.
Resposta: b

69.  (UEPA-PA)
“Olho o Tejo, e de tal arte
Que me esquece olhar olhando,
E súbito isto me bate
De encontro ao devaneamento —
Que é ser — rio, e correr?
O que é está-lo eu a ver?”
                                                                                                              Fernando Pessoa
       As relações entre o homem e a natureza sempre estiveram presentes nas obras literárias. Nos versos acima, de Fernando Pessoa, ortônimo, a visão do rio Tejo produz, no eu-lírico do poema:
a)    indiferença, porque não gera nenhuma reflexão.
b)    oposição entre a sua alma e a do rio.
c)    saudade, visto ter sido o Tejo a porta de saída dos portugueses para as grandes conquistas.
d)    integração com a natureza que o leva a refletir sobre a existência e a contemplação do rio.
e)    desilusão, porque o homem está matando o rio.
Resposta: d

70.  (UFJF-MG)
       “Ah, o mundo é quanto nós trazemos.
       Existe tudo porque existo”.
                               (PESSOA, Fernando)
       “Da minha pessoa de dentro não tenho noção de realidade.
       Sei que o mundo existe, mas não sei se existo”.
                                                                   (CAEIRO, Alberto)
       Lendo comparativamente os dois fragmentos, e considerando a proposta poética pessoana, pode-se afirmar que:
a)    Tanto em Alberto Caeiro como em Fernando Pessoa “ele mesmo”, o eu é sempre uma identidade “fingida”.
b)    Há uma espécie de neo-romantismo em Fernando Pessoa, devido ao centramento no eu.
c)    Observa-se uma permanência do naturalismo do século XIX, devido ao naturismo de Caeiro.
d)    Em ambos, observa-se uma mesma relação entre o eu e o mundo.
Resposta: a

71.  (UFRS-RS) Leia o texto abaixo.
“Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move.
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor.”
       A leitura do texto nos permite concluir que Fernando Pessoa falava pela voz de
a)    Ricardo Reis, por remeter a temas e formas da poética clássica.
b)    Alberto Caeiro, pelo tratamento simples da natureza com a qual se sente intimamente ligado.
c)    Álvaro de Campos, que representa o mundo moderno e a vanguarda futurista.
d)    Pessoa, ele mesmo, por expressar traços marcantes da poesia do século XX.
e)    Bernardo Soares, por adotar uma atitude intimista.
Resposta: b

72.  (UNOPAR-PR) Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa, é o poeta da simplicidade natural da vida e para ele o mundo se reduz àquilo que pode ser captado pelos sentidos. Assinale os versos que ilustram a afirmação acima.
a)    Só os deuses socorrem
       Com seu exemplo aqueles
       Que nada mais pretendem
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